Cariri – Ceará, Junho de 2012
Companheiros(as) da Recid
O semiárido nordestino enfrenta a maior estiagem dos últimos
50 anos. Aqui no Cariri cearense, onde atuamos desde 2007, a Recid priorizou
dentre outras ações, o acompanhamento ás comunidades rurais negras ou
quilombolas. A chuva não veio e com isso as cisternas de placas e calçadão não
acumularam água (em algumas regiões choveu apenas 16 mm, quando a média em
inverno regular é de 600 mm). Especificamente Salitre, cidade da região, onde a
base de economia é acultura da mandioca e onde se concentra o maior número de
comunidades negras, os plantios não vingaram e as roças de milho e feijão se
perderam ante a falta de chuva.
Estamos solidários ao nosso povo e com eles queremos
partilhar nossa vivência enquanto Educadores Populares ás suas experiências de
vida, cheia de labuta, sabedoria e maestria na lida com o cotidiano. Onde
podemos nos encontrar enquanto Rede para prestarmos solidariedade a esses
irmãos? Que ações podemos implementar que não caiam no mero assistencialismo
que ganhou concretude na “indústria da seca”, mas que aponte horizontes amplos
e sustentáveis? Não imaginem o que representa na casa do agricultor, lá na
pontinha, que com sua roça alimenta-se, vê-se sem o feijão na panela, sem a
água para beber e dá de beber.
O velho êxodo apresenta-se como solução, migrar para os
grandes cortes e cana, colheitas de safras da fruticultura, deixando relações
sólidas com o seu lugar e seu povo, para submetercer-se aos planos gananciosos
e temporais dos grandes empreendimentos do capital.
É duro, companheiros e companheiras, sentir-se impotente ante
tanta judiação.
Em quantos podemos nos desdobrar? Quais os passos mais
próximos e emergenciais daremos para amainar esse quadro desolador?
Unamo-nos, reflitamos e sugiramos.
Abraços fraternos,
João do Crato – Artista
Popular e Educador social da Recid Ceará.