"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria". Paulo Freire

domingo, 29 de agosto de 2010

Chamada Pública de Projetos junto às Mulheres Indígenas

Entidades e associações tem até 4 de outubro para enviar projetos que envolvam a melhoria da qualidade de vida de povos indígenas.

A Carteira Indígena lança, em 19 de julho, a Chamada Pública de Projetos junto às Mulheres Indígenas. A iniciativa é um reconhecimento a necessidade de políticas públicas sensíveis às questões de gênero considerando o potencial das mulheres indígenas na condução de projetos que envolvem a melhoria da qualidade de vida dos seus povos.

A chamada visa também fortalecer o protagonismo das mulheres indígenas na promoção da segurança alimentar e nutricional de suas comunidades e na gestão ambiental de suas terras; promover a revitalização das atividades e técnicas tradicionais desenvolvidas pelas mulheres; promover as atividades culturais relacionadas ao manejo tradicional e uso sustentável da biodiversidade local; apoiar o fortalecimento institucional e político das organizações e associações das mulheres indígenas.

Todos os projetos deverão seguir as Diretrizes da Carteira Indígena e o Roteiro para Elaboração de Projetos. A proponente dos projetos, preferencialmente, deve ser uma associação de mulheres indígenas. Porém, qualquer entidade que cumpra os requisitos apontados nas Diretrizes, poderá apresentar projetos. A data limite para postagem dos projetos é 4 de outubro de 2010.

Acesse o edital.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Está aberto o processo seletivo para definição de parte da programação de patrocínios do Banco do Brasil no ano de 2011 até 08 de setembro

O Banco define patrocínio como o “apoio financeiro concedido a projetos de iniciativas de terceiros, com o objetivo de divulgar atuação, fortalecer conceito, agregar valor à marca, incrementar vendas, gerar reconhecimento ou ampliar relacionamento do patrocinador com seus públicos de interesse”, e a tal conceito adiciona-se ainda a necessidade de que sejam oferecidas ao patrocinador contrapartidas tangíveis e/ou intangíveis.

O montante destinado aos projetos selecionados pelo Edital será definido em função das cotas de patrocínio a serem acordadas com os Proponentes dos projetos selecionados e considerará a disponibilidade orçamentária do Banco do Brasil para patrocínios no ano de 2011, que será determinada pelo Conselho Diretor da Empresa.

Os recursos serão destinados à realização de projetos institucionais e negociais, com início entre 1º de fevereiro de 2011 e 31 de dezembro 2011.

Por projetos institucionais entende-se aqueles que são:
a) ambientais – voltados à educação ambiental e à interação sustentável entre entre o ser humano e o meio ambiente;
b) sociais – voltados à responsabilidade social; e
c) culturais – têm como foco de atuação a cultura e a arte-educação.

Projetos negociais são os que possibilitem ao Banco do Brasil o posicionamento junto a segmentos específicos de público como cooperativas rurais, integrantes de arranjos produtivos locais – APL, agricultores familiares e agroempresários; integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive servidores públicos; segmentos empresariais; pessoas físicas de menor renda; pessoas físicas de alta renda; público jovem ou universitário; nipobrasileiros; etc.

São projetos negociais aqueles que:
a) colaborem para o estreitamento das relações entre o Banco do Brasil e seus clientes efetivos ou potenciais, bem como suas entidades e associações;
b) possibilitem retorno de imagem ou negociais;
c) atuem na capacitação de segmentos chave para a consolidação dos negócios do Banco do Brasil;
d) possibilitem a divulgação de produtos e serviços do Banco do Brasil junto a clientes efetivos e potenciais;
e) colaborem para o posicionamento do Banco do Brasil junto a segmentos de mercado.

Não serão analisados projetos que visem integrar a programação dos Centros Culturais Banco do Brasil – CCBB, os quais são objeto de Edital específico. Informações adicionais sobre os CCBB estão disponíveis na Internet, no endereço www.bb.com.br/cultura. Também não serão analisados projetos cujo escopo enquadre-se nos programas e ações desenvolvidas pela Fundação Banco do Brasil – FBB. Informações adicionais sobre a FBB estão disponíveis na Internet, no endereço www.fbb.org.br.

É recomendável a leitura do conteúdo disponível no endereço www.bb.com.br/patrocinios para melhor contextualização do Proponente com a atuação do Banco do Brasil em patrocínios.

Inscrições
Para inscrever um projeto no Programa de Patrocínios Banco do Brasil 2011, no âmbito do presente Edital, o interessado deverá cumprir as seguintes etapas:

a) cadastrar-se como Proponente pela Internet, por meio do Aplicativo
Inscrição de Projetos de Patrocínios, disponível em www.bb.com.br/patrocinios;
b) preencher os dados do projeto pela Internet, por meio de formulário
eletrônico disponível no Aplicativo Inscrição de Projetos de Patrocínios;
c) enviar ao Banco do Brasil o formulário eletrônico contendo os dados do
projeto, por meio do Aplicativo Inscrição de Projetos de Patrocínios.

As inscrições deverão ser feitas exclusivamente pela Internet até 08 de setembro.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Acordo abre polêmica sobre fiscalização de entidades sociais

A Rede Gife online em sua 651 de 23 de agosto de 2010 faz uma avaliação sobre o acordo firmado entre o Ministério da Justiça e Ministério Público Federal sobre a transparencia dos recursos públicos destinados ao Terceiro Setor.

"Um acordo realizado pelo Ministério da Justiça (MJ) e o Ministério Público Federal (MPF), anunciado no dia 6 de agosto, prometia dar mas transparência sobre os recursos públicos destinados para as organizações sociais. No entanto, uma análise mais aprofundada na iniciativa mostra que, além de ineficiente, a proposta pode ser falaciosa.

O que se propôs a fazer é o seguinte: o MJ compartilhará seu banco de dados do Cadastro Nacional de Entidades de Utilidade Pública (CNEs) com o MPF. Como, anualmente, essas entidades sociais devem prestar contas ao MJ, a partir dessas informações, o Poder Público poderá escolher onde investir o dinheiro.

Até o momento, estão cadastradas a 17.681 entidades, das quais, 3.963 são organizações da sociedade civil de utilidade pública (Oscips), 11.954 são entidades sociais de utilidade pública federal (UPF), 90 são organizações estrangeiras e 1.674 são associações ou fundações não tituladas ou qualificadas.
Em caso de desvio do recurso público a entidade poderá ser descadastrada e os envolvidos poderão ser condenados de forma mais fácil e rápida. “Os dados serão disponibilizados aos procuradores nacionalmente, ou seja, o procurador terá mais uma ferramenta disponível para o controle e uma eventual fiscalização sem as práticas demoradas e burocráticas anteriores”, afirmou o secretário-geral do Ministério Público Federal, Lauro Pinto Cardoso Neto, quando o acordo foi divulgado.

No entanto, o advogado especialista em terceiro setor, Eduardo Szazi, é restritivo a respeito da iniciativa. Segundo ele, o acesso aos recursos governamentais não requer a prévia qualificação como OSCIP ou UPF.

“É falacioso imaginar que o instrumento ajudará o poder público a escolher onde investir o dinheiro, pois, como se sabe, a quase totalidade é feita por convênios e não por termos de parceria, inclusive por resistência do próprio poder público, que não quer fazer concurso de projetos ou mesmo submeter os ajustes aos conselhos de política pública”, critica.

O especialista também alega que a iniciativa irá submeter ao MPF entidades que não recebem financiamento público. “Ora, essas entidades são privadas e, não havendo dinheiro do governo, esse controle é ilegal”, denuncia.

Enquanto isso, o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, afirma que a transparência é necessária depois do “alarmismo” em relação à participação da sociedade civil junto às ações de governo depois da CPI das ONGs. Embora defenda que não se possa criminalizar a sociedade civil, Abramovay endossa o acordo mostrando que a culpa recai sempre sobre a ela.

"É sempre louvável a busca de qualificação da relação do Estado com as organizações da sociedade civil. Mas a perspectiva do governo em relação à transparência tem sido mais de controle e cerceamento do que de fortalecimento das organizações. As estratégias para ampliar essa transparência deveriam evitar a burocratização de organizações, que são ricas exatamente pela sua organicidade e articulação nas questões em que estão envolvidas", acredita o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.

“Infelizmente, é mais uma iniciativa que investiga a pia quando devia investigar a torneira. É no gestor público e seus critérios de escolha da entidade que deve se focar a fiscalização”, acredita Szazi.

Questionada sobre o tema a Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (ABONG) ainda não tinha opinião formada.
Tão logo avaliem o assunto, o redeGIFE trará aos seus leitores sua conclusão".

Bndes Abre Inscrições Para Programa de Preservação de Acervos até 3 de setembro

Projetos serão selecionados por meio de Chamada Pública. O BNDES abriu as inscrições para o Programa de Preservação de Acervos 2010. O apoio será efetivado na forma de colaboração financeira não reembolsável, com recursos do Fundo Cultural do Banco, a projetos de preservação de acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos. Os projetos serão selecionados por meio de Chamada Pública e o valor total do apoio será de até R$ 24 milhões, considerada a periodicidade bienal. http://www.bndes.gov.br

Ecofuturo lança 2ª edição do Prêmio de Educação para a Sustentabilidade

Foi lançado o 2º premio Ecofuturo de Educação para Sustentabilidade que tem como tema "Saber Cuidar"! Pode inscrever um projeto, um plano de aula ou uma sequencia didatica.

O Prêmio é um convite aos professores do Brasil para refletirem e compartilharem suas ideias sobre como levar a sustentabilidade para a sala de aula, além de prepará-los para orientar o 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso.
Serão premiados até dois professores de cada região brasileira com R$ 3.000,00 + coleção de livros de literatura + certificaado. As inscrições vão até o dia 15 de setembro de 2010 e pode ser feita no sitio www.premioecofuturo.com.br.

domingo, 22 de agosto de 2010

Mobilização pelo Limite da Propriedade da Terra no Brasil

O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo organiza mobilizações simultâneas em todos os estados brasileiros nesta quinta-feira, 12 de agosto. A ação convidará toda a sociedade para participar do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra que ocorrerá em todo o país entre os dias 1 e 7 de setembro.

Falta menos de um mês para a realização do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra no Brasil. Entidades, organizações, movimentos e pastorais sociais articulados em todos os estados realizarão na próxima quinta-feira (12), um grande mutirão de formação e divulgação do evento.

Várias atividades estarão ocorrendo simultaneamente em todo país. No ato a população brasileira também será convidada a participar de um abaixo-assinado que já circula em todos os estados desde o início da campanha pelo Limite da Propriedade da Terra no Brasil.

Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Pará, Espírito Santo, Paraná, Maranhão, Alagoas, Ceará e o Distrito Federal farão a distribuição de materiais informativos sobre o plebiscito. Em cada estado, municípios estratégicos e locais de grande circulação de pessoas serão os pontos utilizados para a abordagem da população.

O dia 12 de agosto foi escolhido para o Dia Nacional de Mobilização em memória a Margarida Alves, ex-presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alogoa Grande, na Paraíba. Em 1983 ela foi covardemente assassinada devido as suas denúncias contra uma usina.

Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembleia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Mais informações no Site da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra.

VIII Encontro Nacional da Rede MOVA-Brasil

24 a 27 de agosto de 2010,
no Imirá, Plaza Hotel, Via Costeira - SN, Natal/RN

Acontecerá o VIII Encontro Nacional da Rede MOVA-Brasil.


O evento discutirá os avanços e desafios das políticas de Educação de Jovens e Adultos em forma de paineis, apresentações e Círculos de Cultura com as temáticas:

1. Alfabetização e Trabalho.
2. Alfabetização e Mobilização intervenção Social.
3. Alfabetização e Continuidade; (esclarecer na ementa).
4. Alfabetização e educação Inclusiva; (SP)
5. Alfabetização e Educação Prisional.
6. Arte-educação: a Cultura Popular nas Turmas de Alfabetização de Jovens e Adultos.
7. Alfabetização e Políticas Públicas.
8. Alfabetização e Educação do Campo.
9. Alfabetização e juventude.
10. Alfabetização e gênero.
11. Alfabetização e educação quilombola e a implementação das leis 10639 3 11645.
12. As Novas Tecnologias nas turmas de alfabetização.
13. Educação para a convivência no semi-árido.

Localização : IMIRÁ Plaza Hotel - Natal/RN

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Encontro Intermunicipal da RECID, Jucás - CE.

A Rede de Educação Cidadã (RECID) têm oferecido importantes contribuições para o fortalecimento das entidades e movimentos sociais, ao defender um projeto participativo que possibilita a garantia dos direitos sociais básicos para todos(as) cidadãos(ãs).

A RECID realizou nos dias 29, 30 de julho e 01 de agosto de 2010, na cidade de Jucás, Encontro Intermunicipal com o Tema: “A Educação Popular como instrumento de fortalecimento do Controle Social” visando contribuir com o envolvimento da sociedade organizada no controle social das ações da gestão pública na execução das políticas.

Participaram deste evento 40 educadores populares de varias regiões do Estado fazendo deste momento de dialogo e muito aprendizado, por entender que os protagonistas da Educação Popular são os atores sociais inseridos neste processo; e suas respectivas entidades de classe, movimentos, associações e pastorais oportunizam a ampliação do debate com foco na construção perseverante de um Projeto Popular.





segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Compreendendo o Poder Popular

Compreendendo o Poder Popular

A questão do “Poder” e, especificamente, do Poder Popular é central na definição de um projeto de sociedade. Esse tema deve ser tratado de forma concreta, pensando em formações sociais e nos modos de produção existentes. Cada Sociedade tem uma historia própria, no campo político, social, econômico e cultural. Portanto, como postura de método, não podemos discutir a questão de forma abstrata, fora da História e das sociedades concretas.

1 - O que é o Poder?

As classes dominantes instituem, por diversos meios e métodos, uma ordem social que consagra os privilégios das minorias proprietárias e que, através de complexa cadeia de mediações, deposita nas mãos dos capitalistas o controle da economia, da política, da cultura e de praticamente todos os setores da vida social. Esse é o campo da ideologia e da Comunicação. Estas mediações ocultam de modo eficaz os mecanismos de exploração e opressão e projetam uma falsa imagem de um consenso amplo em torno da ordem vigente.

Frente a essa complexa “ordem dominante”, as classes dominadas respondem, no desenvolvimento histórico, com diversas formas de luta, que abrem caminho à diversos modos de acesso ao poder. A História das lutas sociais está marcada por rebeliões, revoltas e revoluções como tentativas de transformação radical das estruturas sociais.

2 - Onde está o Poder?

  • Estas lutas radicais que produzem transformações estruturais na estrutura social (Estado, Capital e Trabalho) necessitam ou não de um ‘momento de tomada do poder?
  • Então o que significa essa “tomada do poder”?
  • Tomar o poder equivale à conquista do Governo?
  • Tomar o poder equivale à conquista das varias “cidadelas” da Sociedade Civil?
  • Tomar o poder é controlar uma região? Um território?

3 - A Questão do Estado

Junto à visão estratégica, centrada na questão da “tomada do poder”, vem junto a questão do Estado, que nessa visão concentra o poder social e, por isso, é um espaço a ser ‘tomado”. Nesta concepção ‘instrumentalista”, o Estado capitalista é tido como um simples objeto ou instrumento-máquina, manipulado pela burguesia. O Estado é uma máquina monolítica sem fissuras. Não está atravessado por contradições.

Entretanto, pensamos que o Estado é uma “síntese de conflitos sociais” e não uma ‘coisa’ ou uma ‘maquina apenas’. Numa visão ampla, o Estado é síntese de 3 pontos centrais da sociedade capitalista:

a) O Estado do Capital é um Estado de classe. E, portanto, sua lógica é a de garantir a produção e reprodução das relações capitalistas de produção;

b) O Estado é também um aparato administrativo, burocrático, político e legal. Essa Superestrutura tem por base um conjunto de relações de força entre as classes fundamentais, seus aliados e seus representantes políticos; Em um determinado momento forma-se um “Bloco Histórico”. Esse processo de reprodução do capital requer um aparato de força militar e policial. Deste modo, o Estado detém o monopólio da violência.

c) No campo das representações simbólicas, da ideologia, o Estado aparece’ como um cenário ‘neutro’, que oculta sua essência classista.

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4 - “Tomar” o poder ou construir um novo poder?

Se o Estado não é apenas uma ‘maquina’ e/ou uma coisa’, a transformação social é mais um processo de construção de um novo Poder que o ato de ‘tomada de algo chamado ‘O Poder’.

Sendo assim, construir novas relações sociais no conjunto da Sociedade para o campo popular significa:

- A formação de uma nova relação de forças na qual as classes populares convertam-se em classes dominantes. Esse processo requer a mobilização e a organização democrática de um amplo campo popular com capacidade para derrotar os projetos das classes dominantes e as desalojarem das posições de poder que ocupam;

- A ‘construção’ de um novo poder só pode se efetuar sob uma forte e sistemática construção “por Baixo”, com base na mobilização e na luta de forças e movimentos populares de todo tipo e articuladas em uma organização política capaz de sintetizar essas complexidades.

Neste sentido, as experiências históricas, guardando a especificidade de cada país, demonstram que a construção de um novo poder e de uma contra-hegemonia nas sociedades da América Latina só se dão na medida que conseguem construir um sujeito político plural, múltiplo, a partir de sua diversidade étnica, articulado há um amplo arco de forças políticas, culturais, religiosas e sociais.

5 - Esfera Pública e Popular e Esfera Estatal Democrático Ética

A consolidação de posições permanentes de Poder Popular exige a resolução da questão do Poder Estatal. Se o Estado constitui uma parcela do Poder; se é parte de uma totalidade complexa, a luta política e de classes também se expressa no interior do Estado.

O exercício do Poder Estatal-governamental por parte das classes populares constitui um momento fundamental no projeto para criar um novo Bloco hegemônico. A questão da autonomia dos movimentos sociais não significa isolamento em relação à questão do poder, sobretudo do poder concentrado no Estado. Neste sentido, o Estado, compreendido como espaço de “síntese dos conflitos sociais”, é atravessado pelas lutas sociais..

Esse processo é marcado pela construção, em todos os espaços de estruturação da sociedade, por organismos político-culturais que permitam ao Povo governar-se. Não necessita dar o “Poder” a uma pessoa ou a uma elite para que governe a todos. As relações sociais se constroem de outro modo. O “Poder”, vimos, não é uma “coisa”, é uma relação social que pode ser construída a partir das próprias comunidades.

Neste sentido, o Poder Popular não é um regime; Ele é práxis, laboratório histórico de experimentação e construção de novas relações sociais.

O processo de construção do poder popular, na perspectiva de construção emancipatória e da contra- hegemonia, vai prefigurando e antecipando a articulação de uma Esfera Pública e uma Esfera estatal-democrática, ambas em contraposição à Esfera do capital, expressa no mercado e nas relações mercantilizadas, onde tudo se transforma em mercadoria.

Podemos sintetizar:

A construção do PP implica uma transformação radical do Estado que articule a ampliação e o aprofundamento das Instituições da democracia representativa e das liberdades democráticas conquistadas nas lutas, com a construção de formas de democracia direta na base e também de formas de auto-gestão. Contudo, a construção de um poder popular é marcada por um longo e conflituoso processo de transição econômico, político, social e cultural. A construção deste processo exige uma Pedagogia emancipatória.

6 - A Pedagogia de construção do Poder popular

Essa Pedagogia baseia-se na necessidade de articular o político com o social, de pensar e fazer política com um fundamento social; Portanto tem por eixo a idéia de articular e projetar experiências de ‘socialismo prático’ desenvolvidas pelas classes populares. Essa práxis/pedagogia busca resolver as contradições a favor das classes populares; busca a reestruturação radical das relações sociais. A participação popular é chave nesse processo. Não há socialismo sem poder popular e não há poder popular sem socialismo!

A educação popular é estratégica na construção da revolução cultural e moral do cotidiano. A construção de uma contra-hegemonia significa a criação de uma nova ordem, qualitativamente superior à civilização burguesa; implica uma dimensão ética e cultural.

Resgatando os pontos do texto: Educação Popular como Política Pública:

a) A educação popular tende a colocar a organização popular de base, no centro mesmo da construção do projeto político alternativo;

b) A educação popular destaca a importância da democracia na construção do novo projeto hegemônico;

c) A educação popular pôe a cultura popular como fonte de identidade e força do projeto popular nacional;

d) A educação popular reconhece a vida cotidiana, a ‘experiência’, como um espaço de construção da nova hegemonia; Valoriza a cultura popular e a vida cotidiana do povo;

e) A educação popular pôe em relevo a importância do papel do individuo e da subjetividade;

f) A educação popular assume que o”projeto nacional” é construído a partir das experiências concretas e particulares;

g) A educação Popular tem como fundamental a sistematização das experiências de lutas e organização sociais. Pois, não há movimento de transformação sem teoria.

7 - A Utopia Concreta e o conteúdo do Poder Popular

“A radical transformação do capital pelos auto-emancipados de sua presente dominação do metabolismo social (Estado, Capital e Trabalho assalariado) é o exato conteúdo do projeto socialista. Em oposição ao modo como se exerce o domínio do Capital sobre a Sociedade, a concepção socialista vislumbra nas palavras de Marx: ’Um plano geral de indivíduos livremente associados’. É o que se quer dizer com a proposta de transformação do trabalho em auto-atividade”, segundo István Mezaros. Tentemos ’traduzir’ essa visão à luz do Projeto Político Pedagógico da Recid:

7.1 - Os Espaços do poder popular

O Poder não está concentrado em determinado espaço da sociedade, mas se dissemina de forma desigual, porém combinada no conjunto da formação social. Neste sentido, a construção de uma contra-hegemonia demanda a construção de novas relações na totalidade da vida social:

a) Autogestão do processo de trabalho-produção: É a partir da vida cotidiana e dos locais de trabalho e de moradia que deve começar a desarticulação e a ruptura com os mecanismos de exploração e dominação. Esta superação implica a planificação coletiva da produção e a supressão da divisão econômico-social entre dirigentes e dirigidos. Os trabalhadores convertem-se em produtores ativos e conscientes, livremente associados.

b) Auto-organização política: a autogestão da atividade produtiva é apenas um aspecto do projeto político. Ela necessita abranger o conjunto da sociedade e sua organização. Questionar radicalmente a dominação política e o poder do Estado enquanto superestrutura alienante. A lógica do lucro deve ser abolida no conjunto da sociedade: fábricas, escolas, bairros, família, sindicatos, partidos, igrejas, etc. Trata-se de, sobre a base da realidade popular, respeitada em sua heterogeneidade, ir construindo um novo metabolismo social e forjando uma ‘vontade coletiva nacional-popular’ em que diversos coletivos sociais possam convergir e reconhecer-se dentro de um mesmo projeto comum. Trata-se, enfim, de os(as) trabalhadores(as) associados(as), de indivíduos socializados que buscam formar comunidades humanas solidárias.

c) Autocriação cultural: As transformações econômicas, e mesmo as modificações sociopolíticas, não são suficientes para definir o Projeto de transformação social numa linha de emancipação socialista. Para esta ser radical e integral deve questionar, criticar e transformar o núcleo primário dos valores e significados que habitam o mais profundo dos costumes, hábitos e modos de viver e pensar incutidos na e pela sociedade capitalista. O socialismo deve apontar a socialização não apenas do ter e do poder, mas, igualmente, a socialização do criar, no sentido de criar condições objetivas que tornem possível para todos a realização integral e múltipla de todas as potencialidades criadoras do ser humano. Criar a possibilidade de uma vida feliz, que só pode ser alcançada mediante uma liberdade criadora e lúdica e um re-encantamento da vida.

Vemos, de forma clara, como estes pontos portam afinidades com os Princípios e Diretrizes do “Projeto Político Pedagógico” da Recid. Vamos buscar em nossa fonte inspiradora no campo pedagógico elementos que são fermentos as nossas idéias:

8 - O Poder popular e a “Utopia Concreta”


Portanto, a práxis popular articula o realismo das condições atuais com a audácia inovadora derivada de um espírito utópico, o que Paulo Freire chamou de “Inédito-Viável”. A epistemologia de Freire implica “a história como possibilidade” e “ações culturais movidas pelos sonhos, a Utopia libertadora”. Esta tem uma “base ontológica” baseada na “capacidade do ser humano de sonhar”; na “nossa capacidade ontológica de sonhar”. De “projetar para um futuro mais próximo possível dias de paz, equidade e solidariedade. É necessário reativar em nossos corpos conscientes as possibilidades de sonharmos o sonho Utópico que Paulo há anos já vinha nos convidando a sonhar: o sonho possível.

Mas, principalmente, Freire escreveu um pequeno e profundo ensaio sobre “Algumas Reflexões em torno da Utopia”, que segue transcrito abaixo:

“Nunca falo da utopia como uma impossibilidade que, às vezes, pode dar certo. Menos ainda, jamais falo da utopia como refúgio dos que não atuam ou (como) inalcançável pronuncia de quem apenas devaneia. Falo da utopia, pelo contrário, como necessidade fundamental do ser humano. Faz parte de sua natureza, histórica e socialmente constituindo-se que homens e mulheres não prescindam, em condições normais, do sonho e da utopia”.

9 - O que é o Poder Popular ?

Nesta perspectiva, podemos traçar uma idéia que nos sirva como “chave de leitura”, e como uma referência para compreender o que é o Poder Popular. Podemos defini-lo assim: “processo através do qual os locais de vida (trabalho, estudo, lazer, moradia, etc,) das classes populares se transformem em órgãos coletivos constituintes de um poder social alternativo e emancipatório, que permita avançar na construção e consolidação de um campo contra-hegemônico. Trata-se, portanto, de espaços de antecipação e prefiguração de uma nova ordem social, política e econômica.

Nesta perspectiva, não é só nas grandes lutas que se constrói Poder Popular; ele é forjado nas relações que se dão no micro e no cotidiano. É um processo em permanente construção em diversos espaços e esferas: micro, meso e macro; É uma construção subjetiva e objetiva, que se expressa nas relações do dia-a-dia; É, assim, criação ‘heróica’ porque as pessoas põem sentimento, paixões, estudo, pesquisa, lutas e vida.

É experimentação, abertura a novas formas de luta e de organização; abertura às novas formas que a realidade vai colocando como novos desafios. O poder popular precisa estar engravidado do elemento cultural e ético. Supõe um processo de educação, formação de base, oficinas, cirandas, encontros, linguagens diversas e também uma mística que alimente esta construção.

Podemos, então, concluir que não se trata de “tomar o poder” ,‘por cima”, mas de transformar o mundo, “por baixo” e desde baixo para cima. O que, nas palavras de Rosa Luxemburgo, caracteriza-se como um processo de Experimentação onde “os trabalhadores só aprendem a gerir quando entram em ação, não há outro caminho”.

Equipe de coordenação do processo de Sistematização