“O ideal, a utopia faz parte da realidade”
Edgar Morin
Com o propósito de negar a chamada “Economia Verde”, proposta pela ONU como um modelo econômico e ambientalmente correto e sustentável, por entendê-la como a nova roupagem do Neoliberalismo e válvula de escape para o Capital se restabelecer a Rede de Educação Cidadã (Recid) participou e contribuiu com a “Cúpula dos Povos na Rio + 20 por uma justiça social e ambiental” nos dias 19 a 22 de junho de 2012 na cidade do Rio de Janeiro.
A Recid entende que “a Cúpula não é uma atividade que termina em si, mas um instrumento para uma construção mais ampla. Parte de um processo de mobilização internacional e procura avançar na construção de espaços de análise da conjuntura, construção de uma agenda comum e dar visibilidade as verdadeiras soluções vindas dos povos”. Neste tocante e com a proposta de dialogar e contribuir com os demais povos da cúpula, realizamos no dia 19, uma Roda de Conversa com o tema “Educação Popular e Bem Viver”, onde a Rede Nacional, com presença representativa de todos os estados, coletivo nacional, convidados e outros que se encantaram com nossa ciranda popular, dialogaram comprometida e amorosamente sobre as práticas e conceitos de uma vida “bem-vivida”.
O diálogo se deu a partir de experiências concretas, denunciando o modelo de desenvolvimento predatório nos biomas brasileiros e anunciando práticas e aprendizados que apontam para um novo modelo de convivência a partir dos parâmetros de sustentabilidade e respeito à sóciobiodivesidade na Amazônia, Cerrado e nos biomas brasileiros.
Estiveram na roda, além dos educadores e os mais diversos povos que se juntavam na nossa circularidade, o Ministro Gilberto Carvalho, a Presidente do CONSEA – Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Maria Emília e escritor e teólogo, Marcelo Barros, que nos entusiasmou com seus falar e expressar popular sobre o que é o bem viver nas diferentes culturas e modos de vida e a importância e o papel da educação popular essa vivência
Na dinâmica das apresentações, o nosso bioma, a Caatinga, foi introduzido com uma fala legítima e coerente de um convivente do semiárido, o Educador Popular cearense, Cícero Chagas, o “Ciçô”, que referencia o enfrentamento a indústria da seca, velha conhecida de nós sertanejos nordestino, que alinhava todas as searas da nossa militância sejam elas política, histórica e cultural, e anuncia que para lutar e vivenciar o bem viver no nosso chão, devemos seguir os preceitos do Pe. Cícero, seguidor de Ibiapina, que foram entoados em coro por todos os estados do Nordeste.
No dia 20 encorpamos e ressoamos em uma só voz, por mais que fosse a várias línguas e sons, um apelo pela vida do planeta na grande MARCHA DA CÚPULA DOS POVOS E AINDA. Ressaltando aqui que fomos impedidos de participar do Ato na Vila Autódromo pela parte da manhã do mesmo dia, o que não anulou a grandiosidade da articulação dos movimentos em marcha. Mas, registramos aqui o nosso repúdio.
No dia 21, além das várias atividades autogestionadas, como aconteceu em todos os dias da Cúpula, juntamos nossos fios na Palestra do escritor e Teólogo Leonardo Boff, que somou numa só mesa com jovens latino-americanos (Bolívia, Peru e Guatemala), constituindo um diálogo intergeracional e cultural sobre as práticas do Bem Viver;
Dia 22, último da concentração da Cúpula, mas não do seu propósito, pois como acima expressamos, ela não se encerra neste ato, indo muito além destes dias reunidos, aconteceu a plenária final, onde os movimentos e povos ali presentes agendaram atividades, unificando-as para potencializar os fazeres para o bem comum do planeta.
Este é um relato mínimo do que foi, é e, continuará sendo, se for necessário, o clamor humano e ecológico por um novo projeto para a humanidade e o planeta. Projeto este que nega o Capital em suas várias facetas, inclusive a pintada de verde.