Recid Ceará no XI Encontro Nacional – Terceiro dia!
Conectados e conectadas á Mãe Terra, iniciamos nosso dia nos olhando e resgatando a importância o sentido do circulo, que dá origem a organização humana. Nos abraçamos, os sentimos, nos achamos, nos integramos ao Sagrado, fizemos memória aos cuidadores da Terra que hoje é o adubo que fertiliza a luta, choramos, cantamos...
Tudo aconteceu num certo dia
Hora de Ave Maria
O Universo viu gerar
No princípio, o verbo se fez fogo
Nem Atlas tinha o Globo
Mas tinha nome o lugar
Era Terra,
E fez o criador a Natureza
Fez os campos e florestas
Fez os bichos, fez o mar
Fez por fim, então, a rebeldia
Que nos dá a garantia
Que nos leva a lutar
Pela Terra,
Madre Terra, nossa esperança
Onde a vida dá seus frutos
O teu filho vem cantar
Ser e ter o sonho por inteiro
Sou Sem Terra, sou guerreiro
Co'a missão de semear
A Terra, Terra,
Mas, apesar de tudo isso
O latifúndio é feito um inço
Que precisa acabar
Romper as cercas da ignorância
Que produz a intolerância
Terra é de quem plantar
A Terra, Terra,
Terra, Terra... (Canção da Terra – Pedro Munhoz).
Desenhamos como seria nosso dia e, como primeiro momento, fomos aos informes, que na sua síntese era dos horários e temas das reuniões da noite, em destaque a dos Negros e negras da Rede, de articulação política e gestão e do Rio+20.
Então continuamos com uma grande roda de conversa com José Antonio Moroni (INES) sobre estratégias políticas e táticas do campo popular, que aborda como primeiro passo saber onde queremos chegar o que se queremos ser. Observa que o conteúdo estratégico da Rede está na construção do Poder Popular na soma com outros diversos iguais. Refletimos que se exige uma estratégia de Projeto Popular é porque existe um que não é popular, portanto é necessário ter a leitura de quem não está no processo dessa construção, que é o antagônico de Projeto.
Outra questão é que as políticas públicas não são neutras, elas mudam completamente o conteúdo estratégico, a exemplo do Bolsa Família, Programa Fome Zero onde o estratégico era distribuir renda para que a população tivesse acesso ao consumo de massa dentro do sistema capitalista, na concepção de que, quem não tinha acesso ao consumo o tivesse, sem pensar nas implicações, com isso ampliar o mercado interno e potencializar o sistema que nos antagoniza. Ou seja, esperar o bolo crescer para dividi-lo.
Um outro estratégico, para a mesma Política, pensado por outro grupo, mas com a preocupação de olhá-la como um instrumento político para gerar mudança crítica e transformação social.
Então uma mesma política com estratégia, conteúdos políticos extremamente diferentes.
Por isso temos que ter certeza onde queremos chegar. “Não podemos entrar nas coisas de maneira diluída, sem forma e sem conteúdo, assim sendo perderemos o embate político. É preciso criar uma nova estética, uma nova forma de enxergar as coisas. Criar outras formas de comunicação, outras linguagens. Precisamos produzir uma nova cultura, pegar os princípios e transformar numa nova cultura e estética, pois ainda somos extremamente conservador. Nova institucionalidade é processo, não acredito em tentar reformular o estado capitalista, precisamos ter conquista que gerem as transformações que queremos”.
No período da tarde, mais uma conversa sobre o horizonte político da Rede, sua estratégia e táticas para a construção do Poder Popular, desta vez com Denis, Educador da Recid de São Paulo, que traz como idéia para construção do projeto popular, a observância em dois elementos principais: definição de objetivos, metas e caminho; o segundo, é que ao se falar em política, quer dizer conflito, disputa de interesse, então significa que teremos uma classe ofensora e classes defensoras, conflitos de interesses e envolvimentos das classes, a popular defendendo; se o projeto é necessariamente defendido por muitas classes, significa dizer que tem potencial de agregar outras classes. Devemos construí-lo prático e teoricamente.
A partir dos acúmulos dos assessores e dos relatos das regiões, das inquietações e pontuações resultantes do processo de análise conjuntural do dia anterior, a Recid é desafiada a pensar suas estratégias políticas, levando em conta anos eleitorais (2012-2014); as reformas estruturais: agrária, política, tributária e as Conferencias Nacionais e mega eventos, como o Rio+20, fazem um resgate dos acúmulos do Encontro e de todo o ano de 2011, onde a Rede avaliou suas políticas, olhando para dentro. O desafio que nos é colocado agora para o triênio 2012-14 é olhar para fora, para além da dela. Elencam os pontos de forças e entregam a síntese com 5 grandes desafios estratégicos para o triênio e encaminha para os trabalhos em grupos mistos, com a tarefa de discutir a síntese exposta no sentido de acrescentar, sucumbir, especificar e atribuir ações de enfrentamento aos desafios estratégicos.
Grandes desafios estratégicos para o triênio (2012 a 2014)
- Fortalecer as lutas contra os impactos do modelo neo-desenvolvimentista brasileiro;
- Fortalecer as lutas contra o processo de exclusão socioterritorial nos centros urbanos;
- Priorizar o trabalho com as mulheres e a juventude;
- Radicalização da democracia;
- Fortalecimento de ações que acumulem para a construção do Projeto Popular para o Brasil.
Após o momento de discussões, e para encerrar o dia, aliás, a noite, os subgrupos voltam a grande plenária para apresentação dos acréscimos, ficando para equipe de síntese reorganizá-la.
Gilson Lucena - (CE)