"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria". Paulo Freire

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Carta Relatório do 3º Módulo da Escola de Formação em Educação Popular da Recid Ceará.



“Sou parteira e benzedeira
Minhas mãos, ponte para o mundo da luz,
Me deram também o poder de rezar
Sou rezadeira e há muito tempo que vejo
Surgir da bolsa d’água um pingo de gente”.
Manoel Leandro e Junior Santos


Humanizar as relações sociais em contato com o mundo e em todas as suas dimensões (afetiva, cognitiva, socioambiental, cultural, política, ética e transcendental), a partir de uma metodologia que garanta a expressão de diferentes linguagens e simbologias é o 3º princípio do nosso Projeto Político Pedagógico (PPP), instrumento vivo e sempre presente nas nossas práticas cotidianas que aponta para a ampliação do horizonte político que entendemos como o ideal para a sociedade brasileira. Foi instigado por esse princípio, que se entrelaça a vários outros do PPP da Recid, que objetivamos no 3º módulo da nossa Escola de Formação em Educação Popular, dialogar sobre “A contribuição da arte e da cultura para a construção do Estado que queremos!”.

Esse 3º módulo aconteceu no período de 29 de novembro a 01 de dezembro de 2013 no Espaço Frei Tito de Alencar (ESCUTA), Fortaleza/CE, onde, juntamente com a Professora Ângela Linhares (UFCE), sensível ativista da cultura popular, vivenciamos a mística do encontro e do espaço que pulsa e transpira cultura. Dialogamos e fomentamos, tendo como elemento motivador a arte e a cultura, pelo viés do nosso autoconhecimento e autoconstrução, sobre a construção que somos, evidenciada pelo relato das experiências significativas que nos tinham trazidos até aquele momento (memórias do que fui até hoje). Então, nos entendendo como movimento que dão movimento a toda a estrutura da sociedade, nos propusemos a enxergar, a olhar o todo que compomos a partir do nosso ser e fazer subjetivos, mas inseridos na coletividade social. E assim, nos entendemos sujeitos/espaços em transição, em constante transformação, capazes de projetar o futuro que queremos ser e que queremos ter. O nosso Devir de sociedade. Essa auto-reflexão nos direcionou para a conclusão que as mudanças internas, subjetivas de cada ser social que somos, impactam diretamente nas mudanças estruturais que queremos para o Estado que temos. 

De posse desse acúmulo, nos propusemos a interlocutá-lo com o movimento/balanço intencional do nosso Fazer (metodológico) e Ser (político) da Recid. Dialogamos a essência do nosso Ser e Fazer, os nossos anúncios e denúncias indo de encontro aos nossos anseios utópicos, buscando e empreitando o inédito viável social, os nossos “devires”. Então em grupo problematizamos: Como, a partir da nossa transição/construção/transformação pessoal (Produção de Sentido/subjetivo) e social e entendendo a cultura como produção simbólica ligada à vida, podemos contribuir, enquanto movimento em rede, para o empoderamento e as mudanças estruturais no Estado (que temos e queremos)?

Evidenciamos que esse debate nos rendeu um excelente material propositivo para o nosso trabalho em rede.

Após esse momento de proposições, ocasionamos o espaço para apresentar, sistematizar e refletir sobre as manifestações culturais existentes e valorizadas nas regiões/grupos, pesquisadas durante o tempo comunidade. Como a proposta do curso é a educação e a cultura na perspectiva popular, não nos limitamos só ler e desvelar da realidade, mas também buscar nas nossas ações, nos inserir nos processos de culturalização, interagindo com a essência ideológica do nosso povo.



Foi uma riqueza ver a interação entre as diversas manifestações. Dramistas, benzedores e parteiras tradicionais foram alguns personagens da nossa cultura que apareceram. O institucional também ganhou destaque com as apresentações da dificuldade que ainda é interagir a cultura pra dentro desses espaços. Manifestações que resistem ao tempo como o reisado, a dança de São Gonçalo, a cultura quilombola também apareceram para serem contempladas no nosso momento. Foi bonito de ver as teorias se concretizarem em práticas reais. 
Para coroar esse dia, tão rico e belo, no período da noite, houve a vivência cultural com a soma das várias manifestações culturais do nosso estado.

No nosso último dia, reafirmamos nosso compromisso com a causa da Educação Popular, trazendo nossas agendas, anunciando e denunciando o que aconteceu nos nossos espaços e o que ainda estariam por vir. Planejamos objetivamente o 4º módulo da nossa Escola (informações nos encaminhamentos) e nos avaliamos.

Encaminhamentos para o 4º módulo: 
Local: Comunidade Chico Gomes (Crato);
Data: 07 a 09/02/2014.
Atividades do Tempo Comunidade:
• Ler cartas a Cristina (as 10 primeiras) e a partir delas escrever uma carta apresentando 03 situações que o motivou a participar da Recid – individual/cada participante;
• Realizar formação com os grupos culturais nas regiões, abordando os temas dialogados nos módulos anteriores. Dar preferência aos grupos/manifestações já pesquisados – coletivo/por grupo ou região.

Gilson Lucena.